OFICINA RITMOS DOS SERINGAIS ACREANOS: BAQUES DO ACRE

  OFICINA DE RITMOS E MÚSICAS DOS SERINGAIS DO ACRE

Edital de Culturas Tradicionais e Populares da Fundação Estadual de Cultura e Comunicação Elias Mansour – FEM / Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc


 

APRESENTAÇÃO

O músico e pesquisador Alexandre Anselmo dos Santos, nasceu em São Paulo, é formado em artes visuais pela Universidade de São Paulo-USP, com formação musical na Escola de Música do Estado de São Paulo -Tom Jobim-EMESP e atualmente é mestrando/pesquisador no curso de música da Universidade de Brasília-UNB.

No ano de 2007 veio ao Acre conhecer e trabalhar com mestres indígenas do povo Noke Koi. Desde então, vem trabalhando com dezenas de mestres tradicionais do estado do Acre, em projetos voltados para salvaguarda das obras musicais destes músicos autodidatas, através de produções de álbuns fonográficos, registros audiovisuais, distribuição em plataformas, shows de circulação pelo Estado do Acre, no Brasil e no mundo, cursos e oficinas, entre outras atividades. Este trabalho resultou na formação da ONG Instituto Baquemirim que gerencia estas ações, buscando construir uma alternativa para o fomento desta economia criativa, pensando nestes artistas que são excluídos dos meios culturais comerciais.

O Edital de Culturas Tradicionais e Populares da Fundação Estadual de Cultura e Comunicação Elias Mansour – FEM, lançado com recursos da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, proporcionou esta oficina e o compartilhar de algumas das diversas formas de manifestações musicais estudada e praticada por este artista, atendendo uma demanda que existe (mesmo antes da pandemia) para desenvolver os conteúdos da música regional, visando trabalhar o ensino de música no Estado do Acre. Em todo o mundo e nos Estados brasileiros mais bem-sucedidos com a economia do turismo, a música que apresenta a identidade de um povo é um elemento primordial a ser apresentado, visto que todo visitante se interessa em conhecer a música local, sendo algo profundo a ser explorado pelo turismo regional. O desconhecimento acerca deste tema, levou a negação da existência dessa música acreana, que possui uma identidade própria, complexa e que deve ser pesquisada e reconhecida como originária do Acre. 

Quando se estuda música de diversos povos e desenvolve uma carreira profissional, aprendemos a valorizar os mestres de todos as músicas, sejam da Europa, da África, Oriente, das escolas de samba, periferias, terreiros, orquestras, rodas de choro, enfim, é um respeito que faz parte de qualquer aprendizado e existência de determinada cultura. Mas muitas vezes esquecemos de reconhecer de onde viemos, quem somos nós, quem foram nossos avós, e o futuro destas músicas e culturas dependem desse reconhecimento e valorização dessas raízes. 

 

Segunda-feira, 25 de outubro de 2021.

 

AULA 1: Baques de samba e marcha dos mestres Antônio Pedro e Antônio Honorato.

 

1.1.TASKAYA KAMANAWA

O filme média metragem é uma imersão na aldeia Tashaya do povo Noke Koi localizada na Terra Indígena do rio Gregório, município de Tarauacá, Acre. Kamanawa é um dos clãs desta etnia que faz parte do tronco étnico linguístico Pano, e significa o clã da onça pintada. O povo Noke Koi resistiu ao holocausto com a invasão do homem branco e a escravidão nos seringais. Na década de 1970, suas terras foram demarcadas com a abertura da BR364 cortando-a ao meio, em troca da exploração da sua mão de obra. Passaram a se agrupar em suas margens a espera de benefícios de reparação aos danos causados. As mazelas foram maiores e em 2015, a liderança Raimundo Macário, o Koka Kostí, liderou muitas famílias a reocupar os limites mais escondidos da terra indígena Noke Koi, a fim de reconstruir o viver tradicional para as próximas gerações. As imagens e áudios foram captados em 2017 por Alexandre Anselmo e um grupo de cinegrafistas chilenos. Este ano, com o apoio da lei Aldir Blanc e Instituto Baquemirim, o filme foi montado e está sendo publicado com intuito de promover a valorização da cultura Noke Koi.








Foto Evair Silva, 2017. Aldeia Taskaya, Terra Índígena do rio Gregório.

 

FICHA TÉCNICA

Atores principais: Koka Kostí e Metxo

Roteiro: Alexandre Anselmo

Câmera: Julio Fernandéz

Áudio: Alexandre Anselmo

Montagem: Lorena e Alonso Pafyese

Produção: Carlos Molina, Claudio Sepúlveda e equipe Baquemirim 

Link: https://youtu.be/1MCiM03r3zc

 

O estado do Acre concentra 15 etnias em 34 terras indígenas (TI), distribuídas entre 11 dos 22 municípios acreanos, que correspondem a 14,8% do seu território. As etnias no Acre estão divididas em três grandes troncos linguísticos, denominados de Panos, Aruaques e Arawá.

No tronco Pano a maioria utiliza a palavra “nawá” (pessoa) nos nomes, agregando um animal ou força da natureza que os dividem em diferenças de línguas e costumes, como por exemplo: Shane Nawá (povo do sanhaçu), Vari Nawá (povo do sol), Yawá Nawá (povo da queixada), Sata Nawá (povo da ariranha), e da mesma forma em diversos povos e clãs em toda a região do médio Juruá.O povo Noke Koi é identificado oficialmente como Katukina, que é um termo pejorativo atribuído pelos “cariús” (branco, não índios), que significa mosquito que passa doença. Noke Koi é o nome auto afirmativo que traduzido significa “gente verdadeira”.

As músicas indígenas brasileiras mais conhecidas no Brasil e exterior são Noke Koi, promovidas por outros parentes do tronco Pano e com uma pesquisa pela internet, você pode apreciar sua interpretação por músicos de diversos países. São elas: Wacomaya, kanarô, Rombe e mais algumas outras. 

Agradecemos especialmente ao Koka Kostí, ancião, Pajé e liderança que junto com o Pajé Metxo, nos receberam e lutam para manter seu modo de vida. 

 

1.2. FOLGUEDOS DO JURUÁ




Entrevista com o Mestre da Marujada Brig Esperança Aldenor da Costa Souza. Este vídeo foi captado em 2009 e finalizado em meados deste ano (2021).  Inicialmente este projeto consistia na produção de um média metragem que se chamaria “Fala comigo, Mãe natureza”, com os mestres tradicionais ainda desconhecidos. Doze anos depois, com vários dos entrevistados já falecidos, foram editadas as aulas com as imagens captadas com os mestres em vida. 

Nessa entrevista o mestre Aldenor da Costa Souza descreve um pouco da diversidade de manifestações culturais de dança, teatro e música, conhecidas como folguedos na região do Juruá, entre os municípios de Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima.

 

Sobre a Marujada Brig Esperança – Mestre Aldenor da Costa Souza

 

Marujada Brig Esperança: Carnaval 2017, Rio Branco.

Folguedo natural do município de Cruzeiro do Sul, Acre, ensinado ao mestre Aldenor pelo mestre Galego originário de Manaus, Amazonas, na década de 1950. A partir dele surgiram e se adaptaram dezenas de grupos de marujadas, que atuavam principalmente durante o carnaval.

Através de música, danças e dramatização, o auto conta história de embarcação a vapor, que em viagem no mar, ocorre um motim contra o capitão, que ordena a tripulação a abandonar para a deriva. O imediato líder do motim, roga uma praga que se manifesta em tempestade, obrigando a todos se reunirem e rogar o perdão a Nossa Senhora Aparecida, findando com o reestabelecimento da ordem no grupo.

Com o êxodo ocorrido na década de 1970 no Acre, os mestres cruzeirenses Aldenor e Chico Bruno refizeram a MARUJADA com seus conterrâneos na capital Rio Branco. A mesma também foi registrada na minissérie Amazônia e é patrimônio imaterial do Acre.

Em 2010, começamos uma parceria com a gravação em estúdio da manifestação de carnaval de Cruzeiro do Sul conhecida por “Vassourinhas” para o CD coletânea “O baque do Acre”, publicado em 2012. Em 2014 demos início as gravações do álbum da Marujada Brig Esperança, através de apoio da Usina de Arte e Fundação Elias Mansour, e a partir de 2010, a Marujada volta a se reunir e apresentar com apoios diversos, de amigos (como Marcelo Pereira), de projetos por editais e coletivo Rede Banzeiro, que ajudaram o folguedo a se reestruturar e estar de alguma forma presente nos carnavais.

Em maio de 2015, morre o mestre Chico Bruno (trompetista), ainda no período de gravações do álbum, que está sendo finalizado neste ano de 2021.As cifras e transcrições foram feitas a partir de gravações com estes mestres, e a ordem das chamadas “partes” ou músicas, foram organizadas com suas contribuições.

 

FICHA TÉCNICA

Entrevistado: Aldenor da Costa Souza

Roteiro: Alexandre Anselmo

Câmera: Bruno Miranda

Áudio: Alexandre Anselmo / Ítalo Rocha

Montagem: Alexandre Anselmo

Produção: Isabelle Amsterdam e equipe Baquemirim

LINK: https://youtu.be/lxJlxgkzpj0

 

1.3. CONTEXTO HISTÓRICO DA MÚSICA DO ACRE NO SÉCULO XX E DEMONSTRAÇÃO SOBRE OS RITMOS SAMBA E MARCHA E TAMBORES TRADICIONAIS DOS SERINGAIS.



Foto: construção de tamborim de madeira da palmeira paxíuba. Acervo Baquemirim, 2008.

 

Breve contextualização sobre alguns processos que formaram a música praticada pelos mestres indígenas e caboclos seringueiros do estado do Acre, durante os 1º e 2º ciclos da borracha. Serão feitas as descrições de alguns instrumentos e apresentadas as sequências das células rítmicas.

 

FICHA TÉCNICA

Roteiro e pesquisa: Alexandre Anselmo

Produção: equipe Baquemirim

LINK: https://youtu.be/HaGuPBEb5w0

 

 1.4. ESTUDO DAS CÉLULAS RITMICAS

As formas de criação artística, assim como outras áreas do conhecimento, experimentam, selecionam, desenvolvem e transmitem seus conteúdos através de gerações e abrangem determinadas áreas geográficas. As maneiras que estas formas de produção artística são repassadas, ou simplesmente, a existência das mesmas, são chamadas de escolas de tradição oral. 

A grande maioria dos percussionistas deste estudo apresentaram uma forma muito padronizada de linguagem, onde os sons agudos e graves, definidos entre a mão esquerda e direita, se desenvolvem nas sequências apresentadas no vídeo.

 

FICHA TÉCNICA

Roteiro e pesquisa: Alexandre Anselmo

Produção: equipe Baquemirim

LINK: https://youtu.be/il_CUltG2bQ

 

1.5. ESTUDO E APLICAÇÃO DOS RITMOS - PRÁTICA DE CONJUNTO E REPERTÓRIO

Como funciona a denominada linguagem oral? A partir dos relatos e vivências com os mestres Antônio Pedro, Antonio Honorato, Francisco Preto, Avelino Rios e outros, percebemos as seguintes maneiras de transmissão do conhecimento:

- Por observação: o aluno assiste a execução de forma passiva, atenta e num momento posterior, muitas vezes sozinho realiza inúmeras tentativas até obter o êxito a contento.

- Dançando: ainda assistindo, estando fora do processo de produção da música, quem dança interage ativamente com o corpo, experimentando dentro de uma grande margem de alteração que admite a dinâmica do aprendizado. Proporciona também a experiência rítmica avançada, regida pela música principalmente no momentos de maior sincronia do baile e junto a dançarinos mais experientes. 

- Instrução: em muitos casos o mestre descreve, pega na mão, exemplifica e propõe exercícios de técnica, mas isso não acontece em uma escola, e sim em casa quando não havia energia elétrica antes de dormir, nos intervalos das festas que duravam dias, nas viagens de barco, de pai e mãe para filhos e filhas. 

- Ação: Os eventos que aceitam a participação dos aprendizes, com ou sem treinamentos de prática de grupo anteriores.  As festas não tinham o conceito que temos hoje em dia que as comparamos com shows.  Eram eventos promovido por todos e para todos. 

Este vídeo apresenta algumas escolas de tambores, onde as células rítmicas foram organizadas em sua sequência construtiva, ou seja, conforme elas vão agregando mais elementos e também com o aumento do número de tempos para formar um ciclo. Também demonstramos a aplicação dos ritmos com os grupos tradicionais da Escola Cruzeiro da comunidade Alto Santo e Banda Uirapurú (familiares do mestre Antonio Pedro, já falecido).

 

LINK: https://youtu.be/20dfe3Re7rA

 

Transcrição do ritmo BAQUE DE MARCHA

 

 

 

 

 

 

Transcrição do ritmo BAQUE DE SAMBA

 

FICHA TÉCNICA

Roteiro e pesquisa: Alexandre Anselmo

Produção: equipe Baquemirim

 

1.6. AULA DE TAMBORIM ACREANO COM ANTÔNIO PEDRO

O mestre apresenta a escola de percussão que aprendeu quando criança nas festas do povo Shanenawa na década de 1950, alto Rio Envira, município de Feijó. Seu Professor se chamava Chico Parirí e era músico da etnia Huni Kuin. 

 

Sobre o músico e mestre Antônio Pedro da Silva 

 

Mestre Antônio Pedro

 

Antônio José da Silva nasceu em Feijó, em 09 de fevereiro de 1941. Passou sua infância e adolescência em seringais do alto rio Envira com sua família, quando conviveu com diversas etnias indígenas, em especial os Katukinas e Shanenawas. Seu pai, José Pedro da Silva, era mestre em sanfona e muito amigo da liderança indígena Inácio Teka Haine Brandão Shanenawa, o Capitão Inácio, que foi quem iniciou Antônio Pedro, ainda criança, nos rituais com a Ayahuasca. 

Antônio Pedro acompanhava de seu pai, as festas do mundo não indígena, os tradicionais bailes seringueiros, que aconteciam nos festejos de santos, aniversario, carnavais, bailes de salão e adjunto (mutirão) de roçado. Aprendeu harmônica, violão e cavaquinho e aos 13 anos teve sua primeira composição através da Ayahuasca, o enverseio Passo da natureza. 

A partir de então, os enverseios evoluíram para um trabalho espiritual, chamado Marinha Naval, onde o mestre Bima parceiro musical de seu pai (também falecido), era o músico principal. Ficou conhecido como curador em sua comunidade, que não tinha acesso à assistência médica. Nessa época, recebeu muitos enverseios e formou seu panteão com encantados armoriais nordestinos, xamanismos de fauna e flora, pajés e encantes da Ayahuasca. 

Depois de residir em diversos seringais e colônias, veio morar em Rio Branco, na zona urbana, onde encontrou seu sobrinho Charles que lhe deu acesso novamente a ayahuasca, retomando seus trabalhos espirituais com enverseios contemporâneos, dialogando com a linha do Santo Daime e temas ligados a proteção e valorização da mãe natureza.

Com o aumento das dificuldades e dos êxodos, a atividade musical é interrompida pela prioridade de criar 11 filhos. Morreram 3, chegando a se criar 2 homens e 6 mulheres. Adquiriu um seringal em Porto Acre chamado de Nova América, a atual Vila do V. Ele não foi alfabetizado, mas guardava em sua memória centenas de canções, choros e medicinas.

Em 2007 iniciou uma parceria o músico Alexandre Anselmo, com o qual criou o projeto Baquemirim, que recebeu financiamento da UNESCO, realizando oficinas de música, lutheria, registros, pesquisa, educação patrimonial e produção artística. O trabalho agregou contemporâneos de Antônio Pedro, inspirando a formação da “Rede Banzeiro”. 

Em 2010, foi vencedor do Prêmio Matias de Culturas Populares 2010. Realizou diversas apresentações no estado do Acre, com turnês no interior do Acre e também em estados do nordeste. Em 2015 foi tema na série “Híbridos” produzida pelo cineasta francês Vincent Moon. Sua discografia é composta por quatro obras: Passo da Natureza (2010), Baile do Seringueiro (2010), Baque do Acre I e II (2012/2016). Antonio Pedro faleceu em 26 de setembro de 2016 aos 76 anos, e gravou 4 álbuns (O Passo da Natureza_2010 https://youtu.be/Vpv8-qSHVGE ,O Baile do Seringueiro_2010 https://youtu.be/9ic4BPe5aAU , Baques do Acre volume I e II, todos disponíveis no youtube baquemirim).

Com os amigos indígenas de seu pai, aprendeu desde os 12 anos a rezar e a curar utilizando as plantas da floresta. Conviveu com os Huni Kuin, Ashaninkas, Jaminawa, mas seu primeiro o principal mestre foi o Tuxaua Inácio Brandão Teka Haine, do povo Shanenawa. Condecorado pelo Marechal Rondon, Inácio Brandão era conhecido popularmente por caboco Inácio, foi um pacificador entre diversos povos indígenas e os forasteiros (chamados por Nawa ou Cariú) que produzia grandes festas onde garantia a harmonia, o respeito e a troca de saberes entre os participantes. Na década de 1950 no rio Envira, a festa reunia milhares de famílias criando uma babel na floresta, sob o comando de um líder de um grupo que quase desapareceu e procurava sobreviver sob a proteção do trabalho escravo que ainda era menos letal do que as correrias (destruição de aldeias para tomar territórios e vender crianças). Os moradores de Feijó contam muitos relatos que este evento primava pela diplomacia, segurança, justiça e igualdade. Segundo o filho do tuxaua, Bruno Vacainê, seu pai criou essas festas para acabar com a discriminação que sofriam. Todos os povos participavam das apresentações, momento onde os Cariús (forasteiro) como o pai de Antonio Pedro e outros solistas tocavam suas “partes” que são pout pourri ou sequências de repertório.

Nessa época a integração já era bem consolidada. Indígenas tocavam sanfonas, cariús e Shanenawas construíam em mutirão pandeiros com 1.20 m de diâmetro feitos de raízes aéreas do apuí e pele de onça. Na tarde que antecedia a festa, o músico Chico Parirí do povo Huni Kuin, ensinava percussão para Antonio Pedro e outros curumins. Os tamborins eram feitos de tronco de palmeira e coberto com pele de caça. Eram tocados com duas baquetas, em ritmos que eram ensinados e treinados para a acompanhar violões, cavacos e sanfonas na festa que atravessava a noite e acabava com o sol quente.  

Corta a gíria quer dizer: falar a própria língua materna, mesmo que o invasor os proibisse de falar. Esta festa ainda acontece na Aldeia Morada Nova, onde os descendentes de Inácio vêm trabalhando na recuperação da língua de fortalecendo sua identidade e desde 2019 e passaram a viajar pelo Brasil apresentando grupos de jovens que tocam suas músicas em diversos eventos culturais. 

 

 

  

Inácio Brandão Teka Haine (foto 1); Tuxaua Bruno Shanenawa e Raimunda Canamari (foto 2).

 

No ano de 2007 Antônio Pedro e Alexandre Anselmo criaram o projeto Baquemirim, para relembrar essas músicas aprendidas quando criança e repassar para a próxima geração, para que conheçam suas raízes e saibam que existiram iniciativas de paz, de construção e troca de saberes, onde ritmos e instrumentos diferentes de encontrar, foram adaptados, relidos e reinterpretados de forma coletiva e conjunta. 

Mestre Antônio Pedro e mestre Antônio Honorato, responsáveis pela transmissão oral da musicalidade acreana ao músico/pesquisador Alexandre Anselmo.

 

FICHA TÉCNICA

Atores principais: Antonio Pedro, Dona Carmem, Antonio Honorato, Alexandre Anselmo

Roteiro: Alexandre Anselmo

Câmera: Amilton Matos

Áudio: Alexandre Anselmo

Montagem: Alexandre Anselmo

Produção: Equipe Baquemirim 

No link a seguir, Antonio Pedro ensina alguns ritmos que aprendeu: https://youtu.be/Dt8wiU8Rqts

 

Sobre o músico e mestre Antônio Honorato

 

Mestre Antonio Honorato

 

Antonio Honorato de Holanda, nasceu em 1934 na região entre Acre e rio Purus, filho de pai cearense e mãe paraense, cortou seringa desde criança.Ele tocava quase todos instrumentos: cordas, sanfona harmônica, fazia pífanos de taboca, tambores e compunha versos. Mesmo sendo de uma outra região, as técnicas de execução dos instrumentos, nomes dos ritmos, etc, são os mesmos que de outros mestres em todo o estado do Acre. 

No filme feito em 2016 com o cineasta francês Vincent Moon: Instrumentos do Acre (Híbridos, the Spirits of Brazil, o mestre Antônio Honorato (já falecido) e o músico e pesquisador Alexandre Anselmo apresentam os ritmos dos Baques nos instrumentos.

Link: https://www.youtube.com/watch?v=g0eMSQid7H4

 

1.7. TOCANDO NA CHUVA 

Retrata um dos primeiros encontros destes mestres em 2009, no Parque Capitão Ciríaco em Rio Branco. Estes mestres tocaram juntos até os últimos anos de suas vidas. 

 

FICHA TÉCNICA

Mestres/músicos: Bima, Honorato, Antônio Pedro

Roteiro: Alexandre Anselmo

Câmera: Bruno Miranda

Áudio: Alexandre Anselmo / Ítalo Rocha

Montagem: Alexandre Anselmo

Produção: Isabelle Amsterdam e equipe Baquemirim

Link: https://youtu.be/i0mi556bzog

 

Terça-feira, 26 de outubro de 2021.

 

AULA 2: Instrumentos tradicionais de borracha, balde de seringa, reco-reco, espanta-cão e outros.

 

2.1. ALDENOR SERINGUEIRO 

Os mestres Aldenor da Costa e Antônio Honorato, defumam a borracha para a construção de instrumentos musicais.

 

FICHA TÉCNICA

Entevistado: Aldenor Costa

Roteiro: Alexandre Anselmo

Câmera: Bruno Miranda

Áudio: Alexandre Anselmo / Ítalo Rocha

Montagem: Alexandre Anselmo

Produção: Isabelle Amsterdam, e equipe Baquemirim

LINK: https://youtu.be/nWDefLDUjYI

 

2 .2. BAQUE DE SAMBA 

Executado por Alexandre Anselmo, este é um exemplo da montagem do BAQUE DE SAMBA nos instrumentos tradicionais do Acre.

 

FICHA TÉCNICA

Roteiro e pesquisa: Alexandre Anselmo

Produção: equipe Baquemirim

LINK: https://youtu.be/kVbXqZzxPUs

 

2.3. ANTÔNIO HONORATO DE HOLANDA 

Entrevista com o mestre Antonio Honorato, onde ele conta histórias e apresenta instrumentos como o espanta-cão, colheres e tamborim (do Acre).

 

FICHA TÉCNICA

Entrevistado: Aldenor Costa

Roteiro: Alexandre Anselmo

Câmera: Bruno Miranda

Áudio: Alexandre Anselmo / Ítalo Rocha

Montagem: Alexandre Anselmo

Produção: Isabelle Amsterdam, e equipe Baquemirim

LINK: https://youtu.be/qkoFlxO_4Ek

 

2.4. BAQUE DE MARCHA COM AVELINO RIOS (MESTRE BI)

Conhecido como Seu Bi, pertencia a etnia Ashaninka, faleceu em 2019 com aproximadamente 90 anos de idade. Foi violinista e violonista da região do rio Juruá Mirim e trabalhou como seringueiro, construtor de barcos, luthier e músico profissional no Brasil e Peru.

Este vídeo demonstra os ritmos com as vozes divididas nos tambores, montadas a partir da execução de Avelino Rios no violino. 

 

FICHA TÉCNICA

Roteiro e pesquisa: Alexandre Anselmo

Produção: equipe Baquemirim

LINK: https://youtu.be/BBGBuMNS59A

 

Mestre Avelino e Alexandre Anselmo em Mâncio Lima, 2017.

 

2.5. PANDEIROS DE APUÍ

Processo de reconstituição de instrumentos extintos, sob a orientação do mestre Bima.

LINK: https://youtu.be/dumPtc-OzRs

 

Sobre o mestre Bima

 

   

Mestre Bima, seu filho e neto (foto1), live com mestre Bima na série Papos e Baques no instagran @baquemirim (foto 2).

 

Abismar Gurgel Valente, é natural do Amazonas, nasceu em 1928 no município de Tefé. Aposentado como soldado da borracha, começou a cortar seringa ainda criança e trabalhou nos seringais do alto Envira, situado no município de Feijó, foi quando iniciou sua vida de tocador aos 10 anos de idade, acompanhando o mestre em sanfona harmônica José Pedro, pai do Mestre Antônio Pedro, falecido em 2016, e hoje, é provavelmente um dos músicos de carreira mais longínqua do Acre. 

A música desta época, possui elementos únicos dentro da linguagem musical, chamada por ele e seus contemporâneos de Baques, que envolve os ritmos nativos indígenas, misturados com nordestinos e de outros estados da região norte do Brasil. Mestre Bima, preserva um vasto repertório de compositores nativos e migrantes nos rios Envira e Purus, da música nordestina antes de Luís Gonzaga e choros lundus interpretados no violão solo. Participou dos CDs “Baques do Acre edições 1 e 2” e desde 2010, através do projeto de educação patrimonial Baquemirim, vem realizando shows com banda própria e participações em show do seu compadre Mestre Antonio Pedro, apresentando seu repertório ao público acreano. Pratica seu instrumento diariamente com uma técnica violonistica característica do 1o ciclo da borracha onde são realizadas todas as funções (solo, contracantos, acompanhamentos, efeitos) solando com a unha do polegar direito (alça puia). É mestre reconhecido do patrimônio imaterial do Acre através de participações em simpósios, conferências internacionais e seminários da pós-graduação da Universidade Federal do Acre –UFAC e tema de pesquisa em curso de mestrado da UNICAMP. Com a morte do Seu Antônio Pedro, Seu Bima mantém em atividade a Banda Uirapurú e como homem da floresta também preserva outros saberes como confecção de pandeiros de sapopema de apuí e borracha, confecção de tarrafas, e saberes sobre caça, pesca e construções de casas de madeira e é um dos tesouros vivos da música e manifestações culturais acreanas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sobre os instrumentos tradicionais

 

 

Pandeirões de apuí confeccionados pelo luthier Magno Oliveira sob orientação do Mestre Bima.

 

Para a confecção dos pandeirões e tamborins de Apuí, o artesão (luthier) Magno Oliveira recebeu orientações do mestre Bima, que na década de 50 no alto rio Envira/AC, onde viveu grande parte da sua juventude, aprendeu as técnicas com os mais antigos.

Estes instrumentos, alguns já extintos, eram construídos a muitas mãos, somando conhecimentos da população seringueira e do povo indígena Shanenawa. Os instrumentos foram confeccionados com lâminas da sapopema da árvore Apuí (Ficus insipida), que formam a caixa de ressonância; a borracha extraída da árvore Seringueira (Hevea brasiliensis) foi usada na base dos instrumentos, contribuindo para impulsionar o instrumento ao tocar o solo; o couro de carneiro substituiu o tradicional couro da onça.

Esta atividade faz parte do Projeto de Salvaguarda da Cultura Imaterial Acreana, que vem sendo desenvolvido desde o ano de 2007 pelo Baquemirim, trazendo ao conhecimento da população, mestres e mestras da música e ofícios tradicionais, visando a valorização desta rica cultura e a geração de renda, movimentando a economia criativa local.

 

 

FICHA TÉCNICA

Roteiro e pesquisa: Alexandre Anselmo

Produção: equipe Baquemirim

 

2.6. SÉRIE PAPOS E BAQUES (INSTAGRAN @BAQUEMIRIM) 

Live de aniversário do Mestre Aldenor, transmitida em 20 de outubro de 2020, durante o isolamento da pandemia.

 

Produção: equipe Baquemirim

LINK: https://youtu.be/gb6Q3CWgmlY

 

2.7. PEDRO SABIÁ: AULA DE PANDEIRO 

O mestre apresenta técnicas e ritmos do instrumento e fala de sua formação musical.

 

FICHA TÉCNICA

Roteiro e pesquisa: Alexandre Anselmo

Produção: equipe Baquemirim

LINK:https://youtu.be/XrNy4zbRtSc

 

Sobre o mestre Pedro Sabiá

 

Pedro Sabiá em sua antiga oficina no Recanto dos Buritís, Rio Branco, Acre, 2016.

Pedro Monteiro Moraes, mais conhecido como Pedro Sabiá, nasceu em 29 de junho em 1951 no Seringal Cachoeira, no município de Xapurí – Acre. Seu pai tocava e afinava todos os tipos de sanfonas, com ele aprendeu o ofício. Sua mãe era violinista e junto com seus filhos ganharam o nome popular de “família ‘sabiá”, também faz parte desta família o sanfoneiro Monteirinho, muito conhecido pelo Acre. Junto a eles convivia a família de Chico Mendes, com quem cresceu trabalhando e tocando nos seringais e lutou lado a lado nos empates contra o desmatamento. Foi preso e após o assassinato do líder Chico Mendes, continuou seguindo o legado dos seus pais e a luta pelas florestas e foi um dos últimos a resistir trabalhando no corte da seringa durante 40 anos, até que a pressão dos fazendeiros tornou sua subsistência insustentável, forçando-o a migrar para a periferia de Rio Branco.Em sua residência no Recanto dos Buritis, montou uma oficina onde trabalha com afinação e reforma de sanfonas, que acaba reunindo músicos tradicionais de todo estado, sendo um espaço de referência e ponto de encontro entre eles. Atualmente, é o único afinador deste instrumento e um dos últimos a executar a sanfona de botão, chamada no Acre de harmônica. Também possui raro conhecimento em executar todos os tipos de sanfonas, voz trocada, normal e uma sanfona híbrida entre voz trocada e acordeom. Seu repertório, apresenta a musicalidade a partir do primeiro ciclo da borracha, do tempo dos “brabos”, que possui mais elementos de outros estados da região norte e indígenas locais. Também faz referência ao segundo ciclo da borracha, período dos “Arigós”, dos soldados da borracha, onde predominam os elementos nordestinos que se agregaram ao primeiro. Pedro Monteiro Moraes é um tesouro vivo da música e manifestações culturais acreanas.

 

Quarta-feira, 27 de outubro de 20201.

 

AULA 3:Técnicas de violão usada pelos mestres tradicionais (escolas do seringal), tais como mão direita, alça puia, funções de acompanhamento.

 

3.1. CONSELHO DO VÔ YAWARANI 

Registra um momento histórico entre Shaneyhu Yawanawa e seu avô Yawaraní. Shaneihú foi o primeiro indígena no Acre a se dedicar em compor e adaptar músicas em sua língua para o violão acompanhado de banda com instrumentos universais. Em 2008, foi para Rio Branco estudar e formou a banda Kanarô, com a qual gravou um álbum e viajou pelo Brasil com shows em diversos eventos. Em 2015, interrompeu o trabalho artístico para o desenvolvimento espiritual na aldeia com Yawarani e para realizar viagens pela Europa com rituais de ayahuasca. A conversa é somente na língua Yawanawá e é dedicada à comunidade indígena, como incentivo a conservação da língua e dos conselhos do avô.

FICHA TÉCNICA

Roteiro e pesquisa: Alexandre Anselmo

Produção: Alexandre Anselmo

LINK: https://youtu.be/yI3mrFsi0aA

 

3.2. VIOLÃO SERINGUEIRO

Alexandre Anselmo mostra exemplos das sequências harmônicas mais utilizadas pelos mestres da região do rio Envira, Feijó.

 

FICHA TÉCNICA

Roteiro e pesquisa: Alexandre Anselmo

Produção: equipe Baquemirim

LINK:https://youtu.be/98Yw9Waf7aM

 

3.3. ZENAIDE PARTEIRA

A mestra fala dos ritmos, formação musical, danças e canções autorais da música do alto Juruá.

 

FICHA TÉCNICA

Roteiro e Produção: equipe Baquemirim

LINK: https://youtu.be/5dRptKypGJk

 

 

 

 

 

 

Sobre a mestra Zenaide Parteira

 

Maria Zenaide de Souza Carvalho, nascida em 07 de maio de 1957, natural do seringal Fortaleza, município de Tarauacá, é descendente da etnia Ashaninka. Herdou da mãe o dom do ofício de parteira e aos 10 anos de idade fez seu primeiro parto tradicional. Aos 11 anos foi para Tarauacá em busca de estudo e aos 14 retornou ao convívio dos pais no seringal Fortaleza. Ainda no interior de Tarauacá, estudou e se aperfeiçoou em alfabetização, alfabetizando cerca de 60 adultos na sua primeira turma. Em meados de 1994, fez seu primeiro curso oficial de parteira e em seguida especializou-se na área no Estado de Pernambuco. Mudou-se para Rio Branco e logo ficou conhecida como liderança do movimento das parteiras visando o empoderamento das mulheres. 

As parteiras tradicionais cumprem um papel importantíssimo, principalmente nos rincões da Amazônia, que não se tem acesso a hospitais públicos. Elas, além de realizarem os verdadeiros partos humanizados, os nascimentos naturais, repassam saberes empíricos a mulheres carentes de assistência. Mestra Zenaide Parteira já realizou no Acre cerca de 289 partos e traz o controle dos nascimentos anotados em um caderno e para cada nascido, compõe uma música em homenagem. Ela se utiliza dos conhecimentos tradicionais da floresta, como a infusão de chás, sucos para acalmar e o famoso chá de pimenta do reino para fortificar a parturiente. Atribui seus saberes à natureza, à paciência e muito carinho para que tudo ocorra bem. 

Ela é a expressão de uma tradição que para muitos está esquecida, porém, ainda resiste por se fazer necessária. Neste universo compõe músicas que falam sobre o trabalho das parteiras, sobre a natureza e o empoderamento feminino. Busca inspiração em cada parto realizado e seus ritmos cantados tem como base os baques de samba, marchas e cordéis.

A cultura arcaica e machista de desvalorização e inferiorizarão da mulher, marcou também a sua existência, quando em uma tentativa de estupro, foi agredida com um soco e perdeu a visão do olho esquerdo. Mas diante da força e vivacidade desta mulher admirável, refletido em seu sorriso e alegria contagiante, continua a influenciar positivamente as mulheres e com suas mãos faz o que está ao seu alcance para transformar a vida a sua volta. Ela sonha com o fortalecimento do movimento das parteiras por meio da luta e por melhoria de direitos e auto-sustentabilidade desse segmento e não se cansa de seguir em frente. 

 

FICHA TÉCNICA

Roteiro e pesquisa: Alexandre Anselmo

Produção: equipe Baquemirim

LINK: https://www.youtube.com/watch?v=od7nD8Vq-oA

 

 

3.4. APRESENTAÇÃO COMPLETA DO REISADO DO BOI CARION EM MANCIO LIMA, ACRE/2019

Grandes semelhanças nos enredos e personagens do Boi Carion ainda são encontrados em reisados do Rio Grande do Norte, porém a linguagem musical e corporal expressam as origens nativas evidentes nos ritmos de baques de samba e marcha. Ainda são necessárias pesquisas na área de dança para a identificação das diferenças entre as regiões e povos sobre o mesmo folguedo.  

 

Produção: equipe Baquemirim

LINK: https://www.youtube.com/watch?v=zUoBFB9H0ZQ&t=5532s

 

3.5. MÚSICA DO POVO YNE MANCHINERI: O VIOLÃO ELEMENTAR (9:42 min)

Entrevista com João Batista Manchineri e seu filho Runé, numa conversa sobre o mito de origem da ayahuasca, sua história musical e o arco de boca, o qual traduz como um “violão” para a música espiritual de cura e ciência.

 

LINK: https://www.youtube.com/watch?v=3NYNPJyhQxE  

 

Quinta-feira, 28 de outubro de 2021

 

AULA 4: Violão e harmonia: sequências e identidades harmônicas, temas instrumentais, acompanhamento para canção, melodias e características.

 

4.1. MESTRE AVELINO RIOS

Mixagem de vídeos para acompanhamento do ritmo marcha com o mestre executando violino, com o acréscimo do Banjo. Conhecido como Seu Bi, faleceu em 2019 com aproximadamente 90 anos de idade, foi violinista e violonista da região do rio Juruá Mirim. Trabalhou como seringueiro, construtor de barcos, luthier e músico profissional no Brasil e Peru.

LINK VÍDEO PERCUSSÃO E VIOLINO: https://youtu.be/UVlGTWcEnho

LINK SHOW MESTRE BI AO VIVO NO SESC-AC: https://www.youtube.com/watch?v=x2wq0mrk_Qk&t=2477s

4.2. ANTONIO PEDRO: HISTÓRIA E VIOLÃO 

Em entrevista na capela da minissérie Amazônia no parque Capitão Ciríaco em Rio Branco, o mestre Antonio Pedro conta sua história de vida e aprendizado musical. Traz informações valiosas sobre a dinâmica cultural dos bailes seringueiros e demonstra conteúdos a respeito do violão e os ritmos executados.

 

FICHA TÉCNICA

Entrevistado: Aldenor Costa

Roteiro: Alexandre Anselmo

Câmera: Bruno Miranda

Áudio: Alexandre Anselmo / Ítalo Rocha

Montagem: Alexandre Anselmo

Produção: Isabelle Amsterdam e equipe Baquemirim

LINK: https://youtu.be/EZmmHdnl59c

 

4.3. SEU BIMA: MARCHA

Mixagem de vídeos para acompanhamento do ritmo marcha com o mestre Bima solando no violão.

 

FICHA TÉCNICA

Roteiro e pesquisa: Alexandre Anselmo

Produção: equipe Baquemirim

LINK: https://youtu.be/tw8dj0iGWac

 

4.4. SHOW DO MESTRE ANTÔNIO PEDRO EM CRUZEIRO DO SUL, 2012 

LINK: https://www.youtube.com/watch?v=1UjMwJQ5qx4&t=2214s

 

Sexta-feira, 29 de outubro de 2021.

 

AULA 5: Sanfona Harmônica de botões, as técnicas (escola), instrumentos, afinações e repertório dos Mestres Antonio Pedro (Envira/Purus/primeiro ciclo da borracha) e Pedro Sabiá (Alto Acre/ segundo ciclo da borracha).

 

5.1. HARMONICA COM MESTRE PEDRO SABIÁ

O mestre Pedro Sabiá herdou de seu pai a profissão de conserto e montagem de sanfonas de todos os tipos. Também possui a rara habilidade de tocar gaitas de voz trocada, acordeons e um instrumento hibrido chamado concertina.

 

FICHA TÉCNICA

Roteiro e pesquisa: Alexandre Anselmo

Produção: equipe Baquemirim

LINK: https://youtu.be/_l0ZTg1oABc

 

5.2. ANTONIO PEDRO HARMONICA - CAPELÃO 

Breve história sobre o macaco capelão (Bugio) e sua autoridade na música da natureza.

 

FICHA TÉCNICA

Atores principais: Antonio Pedro, Dona Carmem, Antonio Honorato, Alexandre Anselmo

Roteiro: Alexandre Anselmo

Câmera: Amilton Matos

Áudio: Alexandre Anselmo

Montagem: Alexandre Anselmo

Produção: Equipe Baquemirim 

LINK: https://youtu.be/kPzin54ZyG8

 

5.3 ANTONIO PEDRO HARMONICA - MARCHA SIRIEMA 

Marcha que imita o canto da ave siriema, de autoria do pai de Antonio Pedro, José Pedro da Silva. 

LINK: https://youtu.be/mIQ2YW8EZ-s

 

FICHA TÉCNICA

Atores principais: Antonio Pedro, Dona Carmem, Antonio Honorato, Alexandre Anselmo

Roteiro: Alexandre Anselmo

Câmera: Amilton Matos

Áudio: Alexandre Anselmo

Montagem: Alexandre Anselmo

Produção: Equipe Baquemirim 

 

5.4. ANTONIO PEDRO HARMONICA - MARCHA TIRA PÓ 

Marcha dedicada às crianças, de autoria do pai de Antonio Pedro, José Pedro da Silva. 

 

FICHA TÉCNICA

Atores principais: Antonio Pedro, Dona Carmem, Antonio Honorato, Alexandre Anselmo

Roteiro: Alexandre Anselmo

Câmera: Amilton Matos

Áudio: Alexandre Anselmo

Montagem: Alexandre Anselmo

Produção: Equipe Baquemirim 

LINK: https://youtu.be/fOO23FC-ubk

 

5.5. ANTONIO PEDRO HARMONICA VALSA 

Marcha que remete a batida do coração, de autoria do pai de Antônio Pedro, José Pedro da Silva. 

 

FICHA TÉCNICA

Atores principais: Antonio Pedro, Dona Carmem, Antonio Honorato, Alexandre Anselmo

Roteiro: Alexandre Anselmo

Câmera: Amilton Matos

Áudio: Alexandre Anselmo

Montagem: Alexandre Anselmo

Produção: Equipe Baquemirim 

LINK: https://youtu.be/rRw-e5_BBGg

 

5.6. ANTONIO PEDRO HARMONICA - CARREIRINHA E CANA VERDE 

Danças que eram acompanhadas especialmente por este tipo de sanfona nos seringais do Acre.

 

FICHA TÉCNICA

Atores principais: Antonio Pedro, Dona Carmem, Antonio Honorato, Alexandre Anselmo

Roteiro: Alexandre Anselmo

Câmera: Amilton Matos

Áudio: Alexandre Anselmo

Montagem: Alexandre Anselmo

Produção: Equipe Baquemirim 

 

5.7. MESTRA FRANCIS NUNES

Sobre a mestra Francis Nunes

Compositora acreana nascida no município de Mancio Lima, extremo ocidental do Acre e do Brasil. Seu pai conviveu por décadas com os índios Papavô, etnia dada como desaparecida e que era temida pelos genocidas a mando dos seringalistas. Cresceu aprendendo sobre as culturas indígenas do Juruá e participando das manifestações de Reisado, Marujada, Pastoril entre outras. Com 20 anos de idade mudou-se para Rio Branco, onde por décadas foi pioneira nas produções artísticas tanto de sua obra musical quanto de parceiros como Helio Melo, Da Costa, Pedro Sabiá, Monteirinho, Maestro Sandoval, João do Bandolim e outros. Realizava eventos musicais com objetivo de caridade, no hospital psiquiátrico, colônias de hansenianos, orfanatos, atuou em escolas, compositora de mais de 4000 canções, dezenas de peças de teatro e artes híbridas autorais em forma de folguedo. Na década de 1990 desenvolveu forte intercambio com o meio musical do Porto Alegre, RS, produzindo alguns álbuns e shows em parceria com Mary Terezinha, Teixeirinha Filho, e integrando Monteirinho e João do Bandolim com Renato Borghetti e Plauto Cruz. Este álbum foi gravado no estúdio JRC em Porto Alegre, RS, foi co arranjado entre músicos acreanos e gaúchos, resultando nessa obra prima com as composições de Francis Nunes. Mesmo com alguns ritmos desconhecidos pelos sulistas, o resultado consegue demonstrar parte da linguagem da musica do Acre, e podemos desfrutar de uma boa mixagem feita para o vinil. Sua música une poética e critica social sob o olhar da floresta, dos colonos e dos indígenas.

Na década de 1980 iniciou grande amizade com Teixeirinha filho, o filho do gaúcho compositor Teixeirinha, e criou um circuito de troca e intercambio entre compositores e músicos do Acre e Rio Grande do Sul. Com o apoio da gravadora GCM em Porto Alegre, produziram 2 álbuns de Monteirinho, 1 do João do Bandolim, 2 solos de Francis Nunes, 1 coletânea em parceria entre acreanos e gaúchos. É incrível o apagamento da memória e a falta de iniciativa de quem poderia ter investido em uma produção de alta qualidade artística que já se articulava de forma independente a nível nacional.

O Álbum “Forró para Berenice” de João do Bandolim teve participação e arranjos de Renato Borguetti e Plauto Cruz, mas isso não foi o suficiente para que o compositor ao menos pudesse viver de sua profissão. Afinava sanfonas, e criou um estilo que uniu a linguagem do choro em lundus, carimbos e frevos com os refrões curtos e cativantes das guitarradas do norte. 

 

FRANCIS NUNES:"O FORRÓ VAI COMEÇAR" - K7/TAPE (34:43): https://www.youtube.com/watch?v=5RchSKCRayM&t=1430s

 

FRANCIS NUNES: ALBUM VINIL

https://www.youtube.com/watch?v=FKnHkvnZZ38&t=84s

 

Mary Terezinha compositora gaúcha e Francis Nunes compositora acreana em gravação na capital Porto Alegre. Acervo Francis Nunes

 

Músicos gaúchos e acreanos em Porto Alegre

5.8. MONTEIRINHO "TEM CRIANÇA TEM"

Sobre o sanfoneiro e compositor Monteirinho

É compositor e sanfoneiro de Xapurí, Acre. Cresceu e lutou ao lado de Chico Mendes nos empates e vivem atualmente em Rio Branco. Possui discografia com alguns álbuns perdidos, o músico Alxandre Ansemo conseguiu recuperar a gravação de um fita cassete. Esta composição tem uma mensagem poética e crítica a respeito das crianças e nosso futuro. 

LINK: https://www.youtube.com/watch?v=cPkXF65SRsQ&t=70s

 

5.9. JOÃO DO BANDOLIN: FORRÓ PARA BERENICE

João do Bandolim e Da Costa, acervo Francia Nunes

Sobre o músico e compositor João do Bandolim

Nasceu no Ceará e quando criança trabalhou na fábrica de sanfonas e gaitas Minuano. Casou-se e migrou para Rondônia e após o falecimento de sua primeira esposa 21 anos depois, mudou-se para o Acre onde casou com Berenice, constituindo uma segunda família. Dedicou sua vida a música e aos movimentos culturais, principalmente na capital Rio Branco. No final da década de 1990, viajou de ônibus até o Rio Grande do Sul para gravar seu primeiro e único álbum publicado, todo com composições próprias. 

Mesmo tendo que viajar o país todo para gravar um álbum, alguns pontos chamam atenção: 1- No sul ainda está viva a tradição das gaitas, sanfonas de botões que fizeram parte de sua infância e profissão como afinador das mesmas, que desde 1910 até a década de 1970 ainda eram muito presentes no Acre. 2- A parceria com dois ícones da musica instrumental: Renato Borghetti: tocou gaita em diversas faixas! Plauto Cruz: renomado flautista gaúcho também gravou, e ambos tem seus nomes citados na capa da fita K7. As fitas se esgotaram em vendas na época, e essa digitalização foi feita a partir de fita original que o músico Alexandre Anselmo ganhou do próprio João do Bandolim, ainda lacrada. No processo digital corrigiu-se a velocidade de rotação pois ela foi masterizada com rotação alterada, uma ferramenta que na época dificultava a pirataria. João do Bandolim era exímio músico, mas, mesmo com uma obra desse porte faleceu esquecido das instituições, rádios e do meio artístico. Infelizmente os artistas locais, mesmo com obras de projeção nacional, se mantendo no Estado tendem a desvalorização por falta de políticas de salvaguarda. Analizando artisticamente, este álbum possui características inéditas para a época: 1- Diversidade de ritmos envolvendo os extremos da Amazônia, desde o Atlântico com merengue, carimbó, xaxado, choros, até o Acre com a cúmbia (peruana), passando pelo Lundú. 2-Se apropriou da estrutura formal das guitarradas, com pequenos refrões, mas executando com o bandolim, aproximando ao choro e introduzindo o bandolim numa linguagem mais ampla, popular e dançante, ou seja, música para bailes. Muitas faixas tem suas letras direcionadas ao baile em si. Se tivesse o apoio de salvaguarda, ou projetos de mídia e valorização, poderia ter inaugurado um novo estilo unindo choro com guitarrada para bailes, uma concepção a frente do seu tempo, unindo as tradições com as ferramentas e caminhos que dariam sua continuidade, mas quem teria condições de completar esse projeto não compreendeu o que estava acontecendo. No final de 2014 João foi baleado num assalto em seu comércio. O meliante anunciou o assalto mas João quis reagir com uma faca levando um tiro que atravessou seu bandolim e o abdome. Depois da internação, ainda restaurou o instrumento, mas devido a uma infecção, veio a óbito em 20 de janeiro de 2015. Alexandre Anselmo ouviu o desabafo de sua esposa, Berenice, a quem foi dedicado o álbum: "A música só trouxe tristeza na minha vida, pois o João nunca conseguiu sustentar a família com a arte e viveu frustrado por tanta dificuldade, mesmo sendo o artista que era." Ela tinha razão, pois quem vive no Brasil, região norte, Acre, sabe os motivos que são os mesmos do anonimato da obra de João. 

LINK: https://www.youtube.com/watch?v=lSTIVPoNZGg

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

BAQUE DO ACRE VOLUME 2 - CONTEÚDO